O projeto se implanta no meio do canteiro central da Ligação Leste-Oeste, e a partir disso o intuito da intervenção se coloca em duas frentes, sinalizar e articular. 

A frente de sinalização se deve ao tensionamento das memórias suprimidas com o estabelecimento da segunda Perimetral, nela se evoca uma subversão da lógica automobilística que literalmente varreu o morro do bairro da Liberdade.  Trata-se justamente de recolocar o espaço do pedestre em uma situação muito enxuta em ordem de possibilitar a transição entre avenida e entorno. Visto que a ligação se sobrepôs diretamente em cima da antiga Praça Almeida Júnior – hoje restrita às árvores sustentadas por um muro de arrimo – onde também se implantava o Teatro São Paulo, tanto a praça como o Teatro constituíam-se como importantes locais de congregações até a década de 70, fato esse estabelecido quando até um dia antes da Radial ser aberta, crianças brincavam nas pistas hoje preenchidas por automóveis. Outro equipamentos culturais também foram enterrados, como o Cine Niterói. 

Enquanto a frente de articulação se envolve no entendimento de que é um fato consumado que hoje esse território de memória litiga muito mais com as compressões do apagamento do que com as dinâmicas outrora delimitadas. Nesse sentido, propõe-se uma remodelagem dos fluxos e perspectivas, tentando emergir questões das perdas significativas para o lugar, em vias de recolocar em pauta o que foi apagado. Isto é, na medida em que se faz um esforço ativo de reposicionar as perspectivas presentes até 1969 – na cota 757 a entrada do Cine Niterói, na 754 a entrada da praça pela rua da Glória, na 751 o topo do Teatro São Paulo, e na 747 a entrada do mesmo – comparando as características de percursos as quais a praça envolvia no bairro, espera-se que o debate se enfatize nas ações que através da intervenção serão possibilitadas, completando as produções de sentido levantadas em conexão com o Percurso sobre o Arco.